Muita gente diz isso e eu, atualmente, concordo: o mundo é dos espertos. Um dos leitores mais ferrenhos deste blog e grande amigo meu, o Victor – também conhecido como “Taludinho”, “Fuleiro” e outros apelidos carinhosos –, diz que eu não posso deixar as pessoas “pisarem” em mim. Mas como evitar isso se você tem um coração bom e uma vontade enorme de evitar conflitos?
Eu cansei de histórias de políticos corruptos, policiais torturadores, juízes ladrões, assassinos soltos, jornalistas antiéticos, professores faltosos da Ufam. Cansei da população reclamando do atendimento dos servidores públicos. Cansei do trânsito de Manaus. Cansei das pessoas que vivem puramente de imagem que alimentam na cabeça de outras pessoas. Todos querem levar vantagem, querem se achar mais espertos do que os outros. E a lógica é: quem não é esperto, é burro. E por que eu tenho que interpretar o burro? Por que eu tenho sempre que receber a massagem com os pés do mundo?
Chegou ao ponto de você ter que fazer um esforço grande para ser honesto. Muito vistos naqueles desenhos animados antigos, os diabinhos que ficam rondando a nossa cabeça são, hoje, muito mais numerosos do que os anjinhos. Acho que até os anjinhos têm medo de chegar perto para não sucumbirem ao pecado do egoísmo. Sim, egoísmo, porque é como eu disse: se você, em algum momento, for o esperto da história, é porque alguém, em algum momento, está sendo o burro.
Mesmo assim, alguém tem que se sacrificar e aceitar o papel de burro nessa peça bizarra. Eu sou uma dessas pessoas. Fui assim durante a maior parte dos meus quase 22 anos. Algumas vezes isso cansa, mas o importante é contribuir para o equilíbrio das coisas.
Mas quer saber? Eu vou contar o segredo dessa história toda – relaxa, não é um segredo que vai virar título de livro e depois vai vender milhões de cópias por todo o sistema solar. É um segredo que, inclusive, todo mundo sabe: nenhum sacrifício pelo bem coletivo passa em branco. No final do dia, quando você deita a cabeça no travesseiro, você sabe bem quem está interpretando. E aí, algum aplauso?